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Bacharel Teologia Nascidos de Novo

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Falando de missões... [02/03]







Gostamos de falar em guerra espiritual, mas abandonamos nossa tropa de elite, nossos comandos no campo de batalha, sem orientação, sem recursos, às vezes feridos, sem qualquer cuidado! Nenhum exército humano faria isso.


Outra manifestação dessa inconsistência acontece no momento em que o missionário põe os pés de volta no Brasil:


— Voltou do campo? Deixou de ser missionário. Acabou o sustento! — um tremendo contraste com empresas e governos, que enviam funcionários para servir em outras culturas ou situações de risco, e sempre oferecem uma série de compensações.


Mas, no caso dos nossos missionários, se o sustento não acaba por completo, geralmente diminui consideravelmente, afinal “o missionário é uma pessoa simples, chamada para sofrer”...


Não nego que muitos sejam chamados para sofrer. Mas esse sofrimento não deveria ser causado pela igreja que o envia e sustenta, mas pelas condições do contexto de vida do local onde trabalha. É triste saber que missionários brasileiros voltam prematuramente do campo muito mais por causa da falta de preparo, de sustento e de apoio pastoral adequados, e por problemas de relacionamento com os que os enviam, do que por problemas de ministério ou de relacionamento com as pessoas a quem servem, mesmo em países considerados de alto risco.




— Missionário?! Para mim é um ser muito mais santo, uma pessoa chamada para sofrer. É alguém que não se preocupa com as coisas do mundo, despojado. Um verdadeiro mártir!


É assim que muitos vêem o missionário. Um ideal que pode ser admirado e colocado num pedestal, não um modelo para ser seguido. E é claro que uma pessoa que está no pedestal não precisa de minha ajuda e compreensão. Está ali para ser admirada (ou apedrejada).


Muitos missionários voltam dos campos emocionalmente exaustos, confusos, quebrantados, precisando muito de um tempo de renovação, cuidado e repouso. Mas são recebidos ou como heróis, com um programa lotado de compromissos, ou sem nenhuma atenção. A igreja deveria ser a família onde fossem recebidos com amor, carinho, cuidado, interesse neles como pessoas, e não só no trabalho que realizam.


Há cristãos que, quando ouvem relatos de crises tremendas ou encontram o missionário doente, magro e exausto, aplaudem:


— Esse é um verdadeiro missionário!


Mas, quando o mesmo missionário passa por uma fase mais tranqüila, facilmente surgem críticas e desconfianças:


— Ele fica viajando por aí com nosso dinheiro... Que trabalho realmente está fazendo? Parece até que está passando muito bem!


O que significa mártir? Vem da palavra “ser testemunha”, “dar testemunho”. Mas aí o martírio não é privilégio só de missionários, e sim de todo cristão verdadeiro...


O que vemos na igreja primitiva? Certamente houve alguns mártires que morreram pelo seu testemunho. Mas a maioria deles recebia vários tipos de apoio de igrejas e irmãos, e não buscava o sofrimento. Este vinha sem ser convidado, muitas vezes inesperado, e era enfrentado com fé e coragem pelos discípulos de Jesus, que até se sentiam honrados por sofrerem pelo seu nome.


Será que estou defendendo a volta de uma busca do martírio? Não! Mas se não estamos dispostos a encarar seriamente essa possibilidade como conseqüência de nosso ministério em situações de crise, teremos de abandonar muitos dos campos missionários mais carentes.


No século 19, muitos missionários iam ao continente africano sabendo que havia um alto risco para suas vidas. Oitenta por cento morriam de malária, doença que ainda tem matado alguns jovens missionários brasileiros na África. Isso é doloroso, mas não significa o fim de nossa responsabilidade. Mais difícil é a situação em muitos países, onde o fundamentalismo religioso vê o cristão como ameaça à sua cultura, família ou nação. Tem havido muitos martírios, a maioria de simples cristãos nacionais, dispostos a arriscar suas vidas no seu testemunho (martírio), muitas vezes sobrevivendo com salários ínfimos.


Mendigo?


Ainda outros vêem o missionário como mendigo:


— Na minha igreja, missionário não prega!


Um visitante estrangeiro, a quem um pastor foi constrangido a ceder o púlpito, transmitiu a mensagem de Deus e, para surpresa do pastor preconceituoso, não pediu nada. Não estava ali para pedir.


Podemos perguntar mais uma vez: por que o pastor é digno de um salário decente, plano de saúde, auxílio para transporte etc. e o missionário é obrigado a “pedir esmolas” para o seu sustento?



Por: Antonia Leonora van der Meer



Continua...


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